SOUZA: O MAIOR PILOTO DE TODOS OS TEMPOS Episódio 4: Todo Aquiles tem seu calcanhar
Continuamos no
“modo abstinência” de velocidade e com isso vou dando seguimento à minha obra
literária, que está bombando cada vez mais na web (Estou pensando seriamente em
mandar o Nobres do Grid à merda e ser independente de editora neurótica).
Relembrando que trata-se de uma obra de ficção onde qualquer semelhança com
fatos, datas ou nomes não passam de mera coincidência.
Episódio 4: Todo Aquiles tem seu calcanhar.
Cansado de
pressões por todos os lados fora da pista, Adilson Souza canalizou todas as
suas frustrações e raiva naquilo que ele fazia melhor: pilotar. E ele pilotou
como nunca! Venceu três campeonatos mundiais em quatro anos (poderiam ter sido
quatro, mas um episódio que elevou a disputa com Corissant Reux do nível pista
para a estratosfera) primeiro como companheiros de equipe e depois em equipes
rivais, a disputa ultrapassou os limites da racionalidade, da esportividade e
da política na categoria, com interferências extrapista e mesmo quando foi defendido,
Adilson Souza não
reagiu bem, ameaçou ir correr na categoria concorrente – a Super Motos – mas
isso não era interessante para a Moto Mundial e o promotor da categoria,
Bernardo Munrá, muito político e habilidoso, conseguiu contornar a situação para
a categoria, mas ainda haviam coisas a serem acertadas “na pista” por Adilson
Souza, que passou a condição de virtuose em sua equipe, mas tinha o desafeto
francês – agora pilotando para a maior equipe rival – e aquele “osso de galinha
atravessado na garganta”. No final da temporada a disputa pelo título voltou a
ficar polarizada entre eles e, inundado de rancor pelo ocorrido no ano
anterior, mesmo com o apoio dos seus colegas pilotos da categoria – até o outro
“desafeto” e compatriota Elton Rouquet – o ódio, a cegueira e a vaidade
transbordavam. Tinha tudo pra dar merda (aqui não tem censura)... e deu! Depois
de ficar em desvantagem no início da corrida decisiva, Adilson Souza “deu o
troco”, no desafeto Croissant Reux e jogou a moto em cima da moto do adversário.
Os dois saíram da corrida e Adilson foi campeão daquele ano.
Outro feito muito
comemorado por Adilson Souza foi ele – finalmente – conseguir vencer uma corrida
do campeonato disputado em seu país, provocando uma catarse orgásmica sem
precedentes no autódromo, maior do que as das vitórias de outro piloto local –
Everson ‘Jabuti’ Capeletti – que popularizou o esporte no país algumas décadas
antes. Consolidado como um dos melhores pilotos da história da Moto Mundial, um
lado vaidoso aflorou e Adilson Souza começou a mostrar um lado que seus
admiradores chamavam de “personalidade” e seus não-admiradores chamavam de
vaidade.
Quando tudo parecia
convergir para que Adilson Souza se tornasse o maior piloto de todos os tempos,
uma dessas reviravoltas de roteiristas de novelas aconteceu e uma nova equipe,
que vinha avançando no campo técnico deu um grande salto de qualidade e começou
a dominar as corridas, com seus pilotos fazendo dobradinhas e quando não, seu
principal piloto, o britânico Michel Gospell conseguindo acertar mais do que
errar e aparecendo como novo rival do nosso herói.
Essa equipe tinha
umas coisas estranhas na sua gestão e se valorizava mais do que o piloto, “uma
parte da engrenagem” segundo seu carrancudo chefão, Derek Legge. Com isso,
mesmo quando ganhava campeonatos mundiais, isso não era garantia de que o
campeão continuaria correndo para eles e essa foi uma oportunidade que outros
pilotos viam como uma oportunidade de mudar-se para a então melhor equipe e
todos aceleraram nesta direção... mas ninguém como Adilson Souza, que procurou
a nova equipe dominante da Moto Mundial e, sem qualquer ética profissional,
ofereceu-se para correr de graça, apenas para ter o melhor equipamento no meio
das pernas!
O problema é que o
mundo dá voltas – assim como as motos nos circuitos – aquilo que um dia você
disse ou fez acaba retornando para quem maldiz ou “malfaz” e no início da sua
carreira na Moto Mundial Adilson Souza falou muito mal de fornecedores de
equipamentos que (como é a vida...) era parceira e fornecedora da nova poderosa
equipe e devido às críticas depreciativas que recebeu no passado, essa parceira
manifestou-se dizendo que não gostaria de ter Adilson Souza como seu piloto. E
como tudo que é ruim sempre pode piorar, a equipe contratou Croissant Reux,
desafeto do grande herói nacional, quem não apenas iria pilotar a melhor moto
do grid, colocou no seu contrato uma “cláusula proibitiva” e com ela se livrou
de ter seu desafeto (ou inimigo?) na equipe. Assim, pilotou com tranquilidade
para conquistar mais um título na já gloriosa carreira.
Mas nem tudo foram
espinhos para Adilson Souza. Mais maduro (já um “trintão”), mais seguro de si,
ele aventurou-se em um novo – e desconhecido – campo. Na corrida em seu país,
no ano em que – graças a chuva – conquistou sua segunda vitória local,
provocando uma perigosa invasão de pista mesmo antes da corrida terminar, ele
apontou o guidão de sua moto na direção de uma jovem que estava no circuito
para segurar guarda-sois, que o princípio não deu muito papo pro “coroa”, mas
as amigas foram em cima, falaram quem ele era e que ele “estava a fim”. Ela
aceitou o convite dele para um encontro e os dois começaram a namorar. Dessa
vez um namoro de verdade, com uma jovem bonita, maior de idade e que tinha sido
escolha dele.
Não percam na
semana que vem, o Episódio 5: Independência, amor e tragédia.
Felicidades e
velocidade,
Paulo Alencar


