SOUZA: O MAIOR PILOTO DE TODOS OS TEMPOS Episódio 3: Adilson Souza, Piloto e Macho Man
E aê Galera... agora é comigo!
Como ainda estamos
em abstinência de velocidade, dou seguimento à minha obra literária, que está
bombando na web (Já recebi duas propostas para publicar). Relembrando que
trata-se de uma obra de ficção onde qualquer semelhança com fatos, datas ou
nomes não passam de mera coincidência.
Episódio 3:
Adilson Souza, Piloto e Macho Man.
No final do episódio anterior, vimos nosso protagonista, Adilson Souza dos Santos, conseguindo chegar aonde queria e tornando-se piloto oficial da Moto Mundial, a maior categoria do esporte a motor no mundo. Nesta altura, a família já havia caído na real e visto que aquela era a vida do filho do meio e que precisava mudar de estratégia para evitar que ele se tornasse o “filho pródigo da bíblia”. Assim, trataram de acercar-se do agora ídolo do esporte nacional e até o relutante patriarca, Dr. Wilton, passou a frequentar os eventos esportivos para “dar aquele apoio moral” ao filho, em vários outros os irmãos – Juliane e Cleo – também estiveram presentes até nos eventos sociais dos finais de semana das corridas. Agora “tudo era festa”.
E a “festa” só
aumentou quando aconteceu a primeira corrida com chuva. A equipe de Adilson
Souza era uma equipe média. Não era fundão do grid, mas tinha uma concorrência
injusta com as grandes equipes de fábrica. Como a pista molhada diminuía a
vantagem dos equipamentos e nivelava a disputa para o “nível do talento”, foi a
hora de Adilson Souza brilhar. Com uma pilotagem agressiva e correndo mais
riscos que os demais, ele voou na pista e estava prestes a assumir a liderança
quando o diretor de prova interrompeu a corrida por falta de condições de
segurança. Adilson foi para o pódio inconformado, sabendo que poderia vencer a
corrida. A narração da corrida na televisão beirou as raias da histeria na
garganta de Cidão Romeno e com a união de seu talento e a força da mídia,
Adilson Souza virou o queridinho e herói da nação.
A primeira vitória
só aconteceu no ano seguinte, novamente correndo na chuva e já em uma equipe de
fábrica, com um fortíssimo motor para empurrar os sonhos de Adilson Souza de
sagrar-se campeão. Contudo, um campeonato tem várias corridas e normalmente um
piloto não vence todas, ele precisa saber pontuar bem ao longo da temporada para se tornar
campeão, mas o herói nacional parecia não entender isso, mesmo vendo em anos
consecutivos, o francês Croissant Reux e seu compatriota, Elton Rouquet, vencerem campeonatos sem serem os maiores vitoriosos.
Mas naquele período, Adilson Souza enfrentava um problema de outra natureza.
Os pilotos da Moto
Mundial – mesmo os mais feios – eram muito assediados pelo meio feminino que
cercava os eventos... e todos costumavam ser vistos bem acompanhados (as vezes
não vistos, mas em paradeiros sabidos e na companhia de quem)... mas esse não
era o caso de Adilson Souza. Além de algum familiar, quem era figura presente
de forma constante era o amigo Neto. A relação era tão próxima que nas
corridas, no grid, ao invés de ter uma modelo segurando seu guarda sol antes
das largadas, quem fazia isso era o amigo Neto... e isso foi dando margem para
questionamentos sobre as preferências sexuais do herói nacional em uma época
bem menos “liberal” que as dos dias de hoje.
Enquanto as coisas
estavam apenas no nível dos questionamentos por parte dos adversários de pista
que buscavam mexer com a cabeça de Adilson Souza, ele estava administrando bem
a situação. O problema foi quando entrevistaram o amigo Neto e esse falou mais
do que devia. O ápice da indiscrição foi dizer que muitas vezes desde a Itália,
Adilson chegava com muitas dores dos treinos e das corridas e ele – Neto – fazia
massagens no amigo “por horas”! A entrevista teve o efeito de uma bomba atômica na
sociedade falso-puritana do país do herói. A família agiu rápido e “sumiu” com
o amigo Neto, enfiando-o num avião e cortando o contato dele com Adilson. Mas
isso não era o bastante: era preciso construir a imagem de um Sex Machine, de
um Macho Man incontestável e isso precisava ser feito urgentemente.
Enquanto o
preparador físico do piloto, o famoso João Preá, com livros publicados e
palestras dadas, passou a relativizar as performances físicas do piloto com uma
“escala bizarra” de quantas horas de cama ele aguentaria, a família tratou de
arranjar uma namorada que pudesse ser apresentada na mídia (“oficialmente” ele
namorava uma adolescente chamada Salomé Dimenor, mas era uma coisa de mãozinha
dada, beijinho na testa e nada de sexo). Então, contrataram uma modelo muito
bonita, chamada Malory Trindade, que fazia comerciais para a Coty, marca de
cosméticos muito conhecida. Os dois passaram a aparecer juntos em todo lugar,
ela ia para as corridas, para as festas e tudo parecia estar indo bem... até
Malory receber um convite para uma entrevista no prestigiado programa do
comunicador Zé Palhares. Inteligente e bem humorado, as entrevistas que
passavam no fim da noite na TV tinham grande audiência e quando Zé Palhares
entrevistou Malory, deixou-a tão à vontade que ela nem percebeu a malícia numa
pergunta feita... e entregou o ouro! Ela disse que estava com o Adilson para
ajudar a melhorar a imagem dele! Mais uma bomba atômica! A família “sumiu” com
a modelo contratada pra ser a namorada do herói.
O tempo foi
passando a Salomé Dimenor fez 18 anos. Apagadas as luzes vermelhas para a
largada e a moto de Adilson Souza não só não largou, como foi na direção
oposta. O namorinho com a menininha (finalmente liberada para “acelerar” com tudo) não ia
convencer ninguém (ela tomou bandeira preta antes de dar uma volta sequer) e era preciso construir uma imagem forte e desta vez era
preciso alguém que não comprometesse a imagem de Adilson. Alguém que soubesse
lidar com a situação. A opção foi procurar a equipe da apresentadora de TV
Francisca Rapunzel, estrela de um programa vespertino que dominava a
programação diariamente com o TV Chica, tendo um auditório lotado todos os
dias. Adilson mudou de equipe e foi para a equipe mais forte da Moto Mundial e
começou o ano desfilando com Chica Rapunzel (quase 1 palmo mais alta que ele)
para todos os lados. Mas logo dois problemas surgiram: o primeiro de agenda,
que era apertada para ambos e a apresentadora não podia ficar fazendo o papel
de “mala de mão” do piloto. O segundo é que ela “gostava”. A situação se
complicou e o tiro de misericórdia se deu em uma festa na Europa, num domingo
de páscoa, quando Adilson Souza apareceu (sem ser convidado), vestido de
coelhinho da páscoa e foi barrado na porta pela própria Chica, que estava se
divertindo com chocolates, cenouras e afins.
Decidido a deixar
falarem o que quisessem, o foco de Adilson Santos voltou-se inteiramente para
as corridas. Ele conseguiu realizar um grande desejo, que era conseguir entrar
em uma equipe de ponta da Moto Mundial. A união de seu talento, sua dedicação e
a infraestrutura da equipe transformou-o numa máquina de vencer... não
importava como, não importava quem.
Não percam na
semana que vem, o Episódio 4: Todo Aquiles tem seu calcanhar.
Felicidades e
velocidade,
Paulo Alencar


