SOUZA: O MAIOR PILOTO DE TODOS OS TEMPOS Episódio 1: Nasce uma estrela

 

E aê Galera... agora é comigo!

Como não estamos tendo corridas nestes finais de semana, inspirei-me e liberei minha veia artística de escritor, aproveitando este “recesso da velocidade” para escrever um conto. Uma obra de ficção onde qualquer semelhança com fatos, datas ou nomes não passam de mera coincidência.

Episódio 1: Nasce uma estrela.

Era uma vez, num lugar muito muito distante uma típica família rica em uma cidade grande. Eram a família Santos (sobrenome muito comum naquelas terras). O patriarca era empresário Dr. Wilton, dono de uma fábrica de brinquedos que tinha como principal produto uma boneca concorrente da fabricada por uma multinacional. Sua esposa, D. Nazaré – carinhosamente chamada de D. Zezé – que tinha Souza como sobrenome de solteira, era aquela dona de casa típica, dedicada a cuidar do lar dos três filhos, Juliane, Adilson e Cleo.

Pai dedicado e preocupado com a boa formação dos filhos, Dr. Wilton percebeu em um final de semana que Adilson, o filho do meio, então com 3 pra 4 anos, brincava de casinha com a irmã mais velha e como isso “não era brincadeira de menino”, comprou um patinete de um fabricante concorrente (fizeram até fotos para por nos álbuns da criança, preservando a imagem do mocinho), mas foi um patinete motorizado (o moleque era muito magrinho e não tinha força pra mover o brinquedo) que animou o filho e o fez esquecer da casinha da irmã.

Adilson foi crescendo e ganhou um brinquedo maior (uma motoneta), que já não tinha espaço suficiente para brincar com ela em torno da mansão, conseguiu convencer o pai a levar a motoneta para um local do outro lado da cidade para brincar depois da escola. O pai achou interessante e comprou uma Belina, contratou um motorista, colocando-o a serviço do filho para que ele pudesse brincar com seu brinquedo de forma feliz no tal local do outro lado da cidade.

Acontece que nesse lugar tinham muitos outros meninos com suas motonetas que não só brincavam, mas também disputavam corridas. Adilson decidiu que ele queria não só brincar, mas participar das corridas. Com o talão de cheque do pai na mão ele saiu comprando os melhores equipamentos e contratou um profissional – um preparador – para cuidar de sua motoneta (que já tinha deixado de ser um “brinquedo”)!

‘Seu’ Tony (um espanhol que logo passou a ser chamado de Tonho por aquelas bandas) sabia tudo sobre motores e, como Dr. Wilton era um homem muito ocupado, nunca presente para acompanhar o filho em seus momentos de lazer e com isso o menino Adilson foi “adotado” por ‘seu’ Tonho. Ele ensinou tudo o que sabia para seu pupilo e praticamente o adotou. Adilson começou a se destacar nas corridas, vencendo campeonatos e ia fazendo daqueles momentos suas maiores alegrias.

Os anos se passaram e Dequinho (seu apelido de infância no meio familiar) cresceu, virou o Decão, concluiu os estudos, entrou para a universidade e sob a rédea do seu pai, foi estudar administração de Empresas. Afinal, os negócios da família estavam em primeiro lugar e o lugar de Adilson era ao lado do pai, para administrar os negócios. O jovem Adilson ia fazendo a vontade do pai, cursando a faculdade particular onde conseguiu entrar (não teve nota para entrar nas melhores), mas silenciosamente, angustiava-se sem coragem de enfrentar o pai e dizer para ele o que tanto queria: ser piloto de corrida!

Ele foi vencendo e vencendo corridas, já pilotava motos maiores e conquistava campeonatos. Locais, nacionais, continentais e por duas vezes quase conseguiu ser campeão mundial. Aos 20 anos de idade, ele precisava tomar uma decisão na vida e resolveu enfrentar o pai, dizendo que queria ir para a Europa e correr na Itália, que não se via cuidando nos negócios da família, que queria ser piloto de corridas e ser um piloto campeão mundial.

O tempo fechou! Dr. Wilton não admitia tamanha ousadia da parte do filho e jogou na sua cara que, por anos e anos ele “bancou a brincadeira” dele ficar “correndo de motoquinha”, mas que agora ele era um homem e que era hora de largar os brinquedos e começar a trabalhar de verdade com ele, dedicar-se à faculdade e se formar. Adilson tentou argumentar, mas o patriarca, irredutível, disse: “você não vai ter nem mais um centavo meu para bancar essa brincadeira”. O que Dr. Wilton não sabia é que o pequeno Adilson tinha aprendido a importância do patrocínio para bancar a vida de um piloto profissional e conseguiu alguns apoiadores que viam seus resultados como muito promissores.

Inconformado, Dr. Wilton apelou: Adilson tinha uma namorada de adolescência, uma moça de boa família chamada Vivian, com quem “ia levando”, sem muito envolvimento. Dr. Wilton perguntou se ele ia “abandonar a namorada ‘quase noiva’ aqui no Brasil para fazer essa aventura”. Nem pensar! Além de não levar um centavo do seu dinheiro, ele teria que casar com Vivian e leva-la para a Itália junto com ele. Fraco e dominado pelo autoritarismo paterno, que fazia de tudo para demovê-lo de seu sonho de se tornar piloto profissional de corridas e ante a passividade de D. Zezé, sua mãe, Adilson cedeu à pressão e se casou com Vivian, que foi com ele para a Itália. Mas o casal não foi sozinho: com eles foi um amigo de Adilson, o Neto – muito próximo desde a pré-adolescência – e os três foram dividir uma moradia pequena num subúrbio na calábria para que Adilson fosse fazer seu 1° ano como piloto de corridas na Itália.

Não percam na semana que vem, o Episódio 2: O caminho pra Moto Mundial e o amigo Neto.

Felicidades e velocidade,

Paulo Alencar


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